
Afinal, o que é burnout?
Como saber se cheguei lá?
Ana Andrade
4 min read


Mas afinal, o que é o burnout e como saber se cheguei lá?
Burnout é…
Segundo o Ministério da saúde, a Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade. A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes.
Em um artigo da Harvard Business Review de abril de 2024, a autora Kandi Wiens apresenta que na última pesquisa Stress in America, 67% dos americanos adultos entre 18 e 34 anos percebem a dificuldade em relação ao foco e um estudo do instituto Gallup aponta que o baixo engajamento, que é uma marca registrada de quem está em burnout, gera uma perda acima de U$8 trilhões ou 9% do PIB mundial.
Assustador? Sim.
Estamos falando de uma exposição prolongada a níveis alarmantes de stress em que não nos damos conta de que um burnout se aproxima. Percebemos quando já é tarde demais e ele já está instalado.
Um estudo da International Stress Management Association (Isma) revelou que o Brasil ocupa o segundo lugar mundial em diagnósticos de burnout, ficando atrás apenas do Japão, onde 70% da população é afetada
De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome de burnout, uma doença ocupacional reconhecida e classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2022. Atualmente, o Brasil é o segundo país com mais casos diagnosticados no mundo.
Mas a que se deve esse "acostumar-se" a níveis tão prejudiciais de stress que chega a afetar nosso sistema cardiovascular, nosso sono, nossa motivação geral podendo levar à depressão e altos níveis de absenteísmo?
Arrisco a dizer que temos uma geração de profissionais que se acostumaram e cultivam ambientes de trabalho tensos, a ocupação excessiva como sinal de sucesso e engajamento e a pré-ocupação como padrão de comportamento.
Gosto muito do conceito abordado neste artigo da HBR sobre a janela de tolerância ao stress, que é a capacidade que podemos desenvolver de perceber nossos níveis de excitabilidade e relaxamento, e assim estarmos mais capazes de responder de maneira ótima aos estímulos.
Digamos que é nosso melhor em ação.
Nesse ponto, temos nossa memória de trabalho e nossa capacidade cognitiva disponíveis e assim estaremos mais produtivos.
Não existe fórmula mágica.
O seu ponto ótimo na janela de tolerância, pode e provavelmente é, completamente distinto do meu, do seu colega e assim por diante.
Precisamos aprender a nos escutar, nos perceber e reconhecer o que estamos vivenciando internamente. Recebermos alertas contínuos de nosso corpo, de nossa mente, de nosso humor, de nosso comportamento e de nossa linguagem. Esses alertas podem vir por meio de tensões musculares, dores, ansiedade, erros e perdas, descrições negativas de situações cotidianas.
Se este tipo de sintomas faz parte de seu dia a dia, se tornaram-se seu novo normal, sinto muito. Talvez seja importante avaliar a possibilidade de que você tenha chegado lá.
Eu passei por um burnout recentemente e tive colegas vivenciando o mesmo trajeto que o meu. Nos demos as mãos, nos apoiamos, buscamos alternativas (cada uma funciona de maneira diferente para cada pessoa) e fomos caminhando rumo a mudanças significativas.
Vou deixar aqui, não como conselho ou receita de bolo, mas como sugestão de experimentação. Quem sabe pode ser uma ou mais alternativas para você em seu processo de recuperação, que te garanto, é único e merece toda sua atenção e dedicação.
Vamos lá!
Encontre maneiras de criar uma bolha para envolver os problemas profissionais e manter esses pontos separados da vida pessoal, familiar e dos momentos de descanso.
A invasão da vida e tempo pessoal com situações e problemas relacionados ao trabalho é uma porta de entrada ao esgotamento. Fique atenta.
Dedique-se a auto observação e cultive esses momentos ao longo do dia e dos dias. Cada dia um pouquinho. De 2 a 3 minutos farão uma diferença gradual e significativa. Observe sua respiração, observe sua musculatura, sua mente, seu corpo, no momento presente. Sem julgamentos, apenas observe.
O simples fato de deslocar sua atenção para si mesma, vai gerar uma diminuição do ritmo respiratório e de pensamentos. Experimente. Não precisa ser em local especial. Faça dentro do seu possível.
Escreva. Faça um diário emocional. Expresse no papel (é melhor se for realmente escrito do que digitado) o que está sentindo, pensando e posteriormente leia seus escritos. Pode gerar uma nova perspectiva sobre as situações.
Escolha um caderno que te agrade, que tenha a ver com você e que possa carregar pra onde for, que seja prático.
Acione grupos e pessoas que possam te ouvir e te apoiar. Ficar sozinha vivenciando tudo isso não é a melhor opção. Acredite, estou falando por experiência própria. Escolha pessoas e ambientes seguros e acolhedores.
Movimente seu corpo para liberar o stress. Se estiver com energia para uma caminhada, perfeito. Mas aqui, quero te dar algumas alternativas que nem sempre temos como válidas para movimentar o corpo. Alongue seus barças como num espreguiçar bem longo. Comece ainda na cama, mas leve para outros momentos do dia, principalmente naqueles que estresse se apresentar como crescente e intenso. Pule, sacuda o corpo, os braços, as pernas, mexa a cabeça. Pode ser interessante escolher um ligar reservado. hehehehe
Os movimentos de alongar, levantar e abaixar braços e pernas, geram um alívio, um escape para o estresse não se acumular no corpo. É comum ficarmos tensas, mais encolhidas e rígidas. Balance, solte as articulações, rebole, dê gargalhadas de si mesma.
Fique bem e conte com a gente aqui do decola.
Um beijo, Ana.
Fontes:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout
https://hbr.org/2024/04/how-burnout-became-normal-and-how-to-push-back-against-it?autocomplete=true
https://www.contabeis.com.br/noticias/65391/burnout-brasil-e-o-segundo-pais-com-mais-casos-no-mundo/
https://jornal.usp.br/radio-usp/sindrome-de-burnout-acomete-30-dos-trabalhadores-brasileiros/
Sugestão de leitura:
Burnout: O segredo para romper com o ciclo de estresse - por Emily Nagoski (Autor), Amelia Nagoski (Autor)
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